Em uma era onde dados pessoais se tornaram uma moeda valiosa, a linha entre inovação e invasão de privacidade fica cada vez mais tênue. Um exemplo recente e alarmante é o do Neon, um aplicativo que viralizou ao propor que usuários ganhassem dinheiro gravando suas próprias chamadas telefônicas para treinar modelos de inteligência artificial. A popularidade foi meteórica, alcançando o top 5 de aplicativos gratuitos para iPhone e registrando 75.000 downloads em um único dia.
No entanto, o que parecia uma oportunidade de renda passiva transformou-se em um grande pesadelo de segurança.
A Grave Falha de Segurança do Neon
Uma investigação do portal TechCrunch revelou uma falha de segurança crítica no aplicativo. O problema permitia que qualquer usuário logado tivesse acesso irrestrito aos dados de qualquer outra pessoa na plataforma. As informações expostas incluíam números de telefone (tanto do usuário do Neon quanto da pessoa para quem ele ligou), as gravações de áudio completas das chamadas e até mesmo as transcrições de texto de tudo o que foi dito.
A vulnerabilidade foi descoberta através de uma ferramenta de análise de tráfego de rede, que mostrou como os servidores do aplicativo não possuíam qualquer barreira de proteção para impedir o acesso cruzado aos dados. Com uma simples manipulação, era possível visualizar registros de chamadas recentes de outros usuários, ouvir suas conversas e ler as transcrições.
A Resposta da Empresa e o Desligamento
Após ser alertado pela reportagem, o fundador do Neon, Alex Kiam, rapidamente retirou os servidores do ar, desativando o aplicativo. Em um e-mail enviado aos usuários, ele comunicou uma pausa temporária para “adicionar camadas extras de segurança”, citando o rápido crescimento da plataforma. Contudo, o comunicado não mencionou a falha de segurança nem o fato de que dados sensíveis dos usuários já haviam sido expostos.
O futuro do Neon é incerto. Não se sabe quando o aplicativo voltará a funcionar ou se a falha de segurança chamará a atenção da Apple e do Google, que podem rever a conformidade do app com suas diretrizes. O caso serve como um forte alerta sobre os riscos de aplicativos que monetizam dados pessoais sem garantir a segurança necessária.
Como Usuários Podem Proteger sua Privacidade
O incidente com o Neon reforça a importância de ferramentas que permitem aos usuários ter maior controle sobre suas informações. Uma das funcionalidades mais básicas e eficazes para proteger a identidade em ligações é a chamada restrita. Esse recurso impede que a pessoa que recebe a ligação veja o seu número, exibindo na tela mensagens como “Número Restrito” ou “Número Desconhecido”.
Essa é uma ótima maneira de entrar em contato com empresas sem que elas possam salvar seu número para futuras ações de marketing ou cobranças. Veja a seguir como utilizar o recurso nas principais operadoras do Brasil.
Ativando Chamadas Restritas na Claro
Para clientes da operadora Claro, é necessário realizar uma ativação simples do serviço. O processo é rápido e feito diretamente pelo celular:
-
Abra o discador do seu telefone e ligue para
*1052#
. -
No menu que aparecer, digite a opção
9
(“Mais opções”). -
Em seguida, escolha a opção
10
(“Serviços”) e, depois, a opção1
(“Meus serviços Claro”). -
Para finalizar, digite
1
para ativar o sigilo e habilitar as chamadas restritas.
Método Universal para Vivo, TIM e Outras Operadoras
Para clientes da Vivo, TIM e da maioria das outras operadoras, o processo é ainda mais direto e não exige nenhuma configuração prévia. O recurso é ativado por chamada, oferecendo flexibilidade para escolher quando você deseja ocultar seu número.
Para fazer uma ligação restrita, basta digitar o código #31#
antes do número de telefone para o qual deseja ligar. O sistema irá interpretar o comando e ocultar sua identidade automaticamente naquela chamada específica.
Por exemplo, se você deseja ligar para o número (11) 99876-5432, você deve discar: #31#11998765432
.
Enquanto a tecnologia avança, a responsabilidade sobre a proteção de dados se torna uma preocupação central. Casos como o do Neon mostram que a vigilância e o uso de ferramentas de privacidade continuam sendo essenciais para todos os usuários.