Durante milhões de anos, o megalodonte foi o predador supremo dos oceanos. Entre 20 milhões e 3,6 milhões de anos atrás, essa espécie de tubarão colossal, que podia medir entre 15 e 20 metros e era capaz de devorar uma orca em apenas cinco mordidas, reinava soberana nos mares do planeta. No entanto, ele desapareceu no fim do Plioceno, e até hoje as causas exatas de sua extinção permanecem em debate. Uma das hipóteses mais aceitas é a competição por alimento durante períodos pré-históricos de mudança ambiental.

Nos últimos anos, a internet tem sido palco para teorias que sugerem que o megalodonte poderia ainda existir, escondido nas profundezas inexploradas dos oceanos. Plataformas como TikTok e YouTube têm sido usadas para divulgar vídeos e especulações sobre possíveis avistamentos ou rastros deixados por esses animais. Mas especialistas afirmam que essas ideias estão longe da realidade.

Jack Cooper, doutorando da Swansea University no Reino Unido, é categórico ao negar essa possibilidade. “Qualquer sugestão de que o megalodonte ainda viva em regiões oceânicas inexploradas é completamente absurda e carece de qualquer evidência científica sólida”, declarou em entrevista à Live Science.

Cooper é membro do Pimiento Research Group, grupo dedicado a estudar a diversidade marinha ao longo das eras. Segundo ele, o megalodonte está, sem dúvida, extinto. Embora grande parte dos oceanos ainda não tenha sido explorada, há razões consistentes que sustentam a impossibilidade de sobrevivência dessa espécie até os dias atuais.

Ele explica que, se o megalodonte ainda existisse, seu impacto no ecossistema marinho moderno seria inconfundível. “Esse animal não era apenas um tubarão costeiro gigante que já teria sido avistado, mas sim um predador de topo, situado acima de qualquer outro predador marinho atual na cadeia alimentar”, aponta. “Sua presença teria transformado completamente os ecossistemas oceânicos.”

Além disso, Cooper destaca que o desaparecimento do megalodonte teve efeitos em cadeia que ainda influenciam os mares de hoje. Um exemplo disso é o crescimento das baleias, uma de suas principais presas. Depois da extinção do megalodonte, essas espécies passaram a crescer ainda mais, como é o caso da baleia-azul, o maior animal já registrado na Terra.

“Alguns dos maiores mamíferos marinhos só surgiram após o megalodonte desaparecer”, afirma o pesquisador. “A estrutura atual da teia alimentar marinha, em parte, só é como é porque esse gigante não está mais entre nós.”

Em resumo, apesar do fascínio e das inúmeras especulações geradas nas redes sociais, as evidências científicas apontam que o megalodonte é uma criatura do passado — e não um fantasma oculto das profundezas.