Investir no exterior pode parecer complicado para muitos, mas com a introdução dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts), essa barreira foi reduzida. Este tipo de ativo permite que investidores brasileiros negociem ações de empresas estrangeiras diretamente pela bolsa de valores brasileira, a B3. Mas o que exatamente são os BDRs e quando vale a pena investir neles?
O que são BDRs?
Os BDRs, ou Brazilian Depositary Receipts, são certificados que representam ações de empresas estrangeiras, mas que podem ser negociados no mercado brasileiro, especificamente na B3. Esses certificados são lastreados em ações de empresas sediadas fora do Brasil e, desde setembro de 2020, passaram a incluir também ações de empresas brasileiras.
Quando um investidor compra um BDR, ele não está adquirindo diretamente ações da empresa estrangeira. Na realidade, ele está comprando um recibo que representa essas ações. As ações, por sua vez, ficam depositadas e custodiadas por uma instituição financeira estrangeira, que garante a sua integridade. Uma instituição financeira brasileira, chamada de depositária, é responsável por emitir os BDRs e assegurar que todo o processo de negociação seja feito corretamente no Brasil.
Para que um BDR possa ser negociado na B3, a instituição depositária primeiro compra as ações da empresa no exterior. Essas ações são mantidas em uma conta em uma instituição custodiante. Após isso, a depositária deve registrar o programa de BDRs junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), garantindo que o número de BDRs emitidos corresponda às ações detidas no exterior.
Em junho de 2020, havia cerca de 550 BDRs disponíveis para negociação na B3. Entre as empresas emissoras, estão gigantes como Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34) e Netflix (NFLX34).
Tipos e níveis de BDRs
Os BDRs podem ser classificados em dois grupos principais: patrocinados e não patrocinados. Essa classificação é feita com base no envolvimento da empresa emissora no processo de negociação no Brasil. Vamos entender um pouco mais sobre cada um deles.
BDRs patrocinados (Níveis I, II e III)
Os BDRs patrocinados são aqueles em que a própria empresa emissora das ações contrata uma instituição depositária para administrar o programa no Brasil. Isso significa que a empresa estrangeira tem interesse em se posicionar no mercado brasileiro e captar investimentos locais.
Existem três níveis de BDRs patrocinados, que variam de acordo com o tipo de distribuição permitido e o volume de informações que a empresa emissora precisa divulgar para os investidores brasileiros:
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Nível I: Esse tipo de BDR não exige que a empresa emissora tenha registro na CVM. Eles só podem ser negociados em mercados de balcão não organizados ou em segmentos criados especificamente para esse tipo de ativo. Se forem ofertados publicamente, a oferta deve ser restrita, limitando a venda para até 50 investidores. Além disso, as demonstrações financeiras da empresa não precisam ser convertidas para o real, nem seguir as normas contábeis brasileiras. A partir de outubro de 2020, os investidores não qualificados (aqueles que não possuem ao menos R$ 1 milhão investido) também poderão negociar esses BDRs, desde que as ações subjacentes sejam listadas em mercados reconhecidos.
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Nível II e III: Esses níveis permitem que as empresas tenham uma participação mais ativa no mercado brasileiro, oferecendo maior transparência e informações detalhadas aos investidores locais. BDRs nesses níveis podem ser negociados de forma mais ampla, incluindo ofertas públicas para um número maior de investidores.
BDRs não patrocinados
Os BDRs não patrocinados são emitidos sem a participação direta da empresa emissora. Nesse caso, uma ou mais instituições depositárias compram as ações no exterior e emitem os BDRs no Brasil por conta própria. Esses títulos são bastante comuns e oferecem aos investidores brasileiros uma forma prática de acessar ações de grandes empresas estrangeiras.
Quando vale a pena investir em BDRs?
Investir em BDRs pode ser uma excelente estratégia para quem deseja diversificar sua carteira, acessando ativos internacionais sem a necessidade de abrir uma conta no exterior. No entanto, é importante avaliar alguns fatores antes de tomar essa decisão:
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Diversificação: Os BDRs permitem que os investidores diversifiquem seus investimentos em mercados estrangeiros, o que pode reduzir o risco da carteira.
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Exposição a empresas internacionais: Com os BDRs, é possível investir em grandes empresas globais, como Apple, Google e Microsoft, sem precisar lidar com a burocracia de investir diretamente no exterior.
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Custos: Como os BDRs são negociados no Brasil, os investidores estão sujeitos às mesmas taxas de negociação de ações nacionais. Isso pode ser mais conveniente do que abrir uma conta em corretoras estrangeiras.
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Risco cambial: Como os BDRs representam ações de empresas estrangeiras, o valor desses ativos também pode ser impactado pela variação do câmbio entre o real e a moeda do país de origem da empresa.
Em resumo, os BDRs são uma opção prática para quem deseja investir no exterior sem sair do Brasil. No entanto, como em qualquer investimento, é fundamental fazer uma análise detalhada e considerar os riscos envolvidos